O meu PV544 - 1961 Sport B16 |
![]() O primeiro dia...
Este PV544 veio parar à minha posse por acaso. Estava a ver um P1800 branco para um amigo interessado em comprá-lo. Tinhamos ficado amigos, porque ele, um fã de Volvos e carros suecos (também gosta de Saabs) andou algum tempo a rondar o meu carro e a tentar descobrir de quem seria. Entretanto, apareceu um P1800 para venda, que estava na Auto-Sueco, no Porto, guardado no piso de baixo. É nesse local que ficam os carros especiais, de alguns coleccionadores e membros do CPVV (Club Português de Veteranos Volvo), incluíndo a colecção dos donos da Auto-Sueco, como o famoso P1900 #6.
Alguns dias depois o meu primo ligou-me dizendo que o único carro à venda era o PV544 Sport. Não estava com ideias de comprar fosse o que fosse, mas aceitei ir vê-lo outra vez. Entretanto, o meu amigo
decidiu comprar o seu P1800S branco.
E eu comecei a sonhar com o
PV544... Para começar, comprei o kit da Revell escala 1:18. Lindo! Comecei a gostar das linhas do PV544 E cada vez mais não conseguia pensar noutra coisa. Entretanto o meu primo dizia-me que, como tenho dois filhos, seria interessante ter um Volvo para cada um. Pedimos para dar uma volta no carro. Estava parado há um ou dois anos. Foi preparado pelos mecânicos da Volvo. Mais tarde, fui outra vez à procura do carro; continuava no mesmo sítio, cheio de pó e com mau aspecto. Contudo, um olhar mais atento revelou que o interior estava em muito bom estado, provavelmente restaurado há pouco tempo. Só faltava o aro do volante (buzina). Por baixo do pó encontrei uma pintura impecável. Falei com amigos, alguns por e-mail como o Derek Scott (que já teve um carro destes) que me deram alguns conselhos úteis. Tinha de tomar uma decisão. E ao fim e algumas noites mal dormidas, decidi ir para a frente. O carro lá foi preparado. A pintura estava muito melhor do que aparentava. Depois de lavado, parecia um outro carro. Notava-se que afinal, teria sido alvo de um restauro completo há pouco tempo. Mas o problema da buzina não foi resolvido; e a bateria de 6 volts estava em mau estado.
Todas as minha dúvidas desapareceram naquele momento. Ainda nem sequer tinha visto o motor a trabalhar ou sequer verificado outros pontos, mas decidi que aquele carro iria ser meu. E lá arranjei a justificação: um dos meus filhos ficaria com o P1800 e o outro com o PV544. Disseram-me que o carro ficaria pronto na semana seguinte. Mesmo a tempo da Páscoa. Como o 10º aniversário do meu filho mais velho, Gonçalo, era no dia 28 de Março, mesmo antes da Páscoa, achei que seria um presente de aniversário inesquecível. Uau! Não admira que diga que sou o melhor pai do mundo!
Quase adivinhou o que se iria passar naquele dia mais tarde! Tinha prometido levá-lo ao cinema, com uns colegas. E assim foi. Mas ainda não sabia se iria ter o carro pronto a tempo. Além do mais, faltava a bateria. Liguei ao meu electricista de carros antigos (e não só) sr. Valentim, que me arranjou uma bateria de 6 volts e 160 AmpH. Mas ainda era preciso ir buscá-la e levar ao Porto, para que a instalassem no carro, e esperar que este funcionasse bem. Como era quinta-feira santa, véspera de Páscoa, o trânsito caótico e o tempo escasso, parecia impossível conseguir. Mas tentei e consegui chegar à Auto-Sueco mesmo antes de fecharem. Quando os questionei como iria levar o carro, sem bateria, disseram-me para usar os cabos e ligar com um carro . De 12V, perguntei? Sim, não há probema, disseram-me. Nem quis ouvir mais. Convenci o responsável a chamar um mecânico (de piquete) que lá instalou com dificuldade a bateria. E lá partimos! Com 4 miúdos
num carro velho de mais de 40 anos, sem nunca o ter guiado, um trânsito
terrível e de noite, uma aventura impensável. A meio da ponte da Arrábida,
começou o motor a falhar. E pouco depois parou de vez. Liguei ao meu primo,
para me ajudar. Tinha a minha mulher à espera, sem saber o que se passava, e
com os miúdos comigo. Se ela soubesse, chamar-me-ia maluco. E com razão. Sou
mesmo. A falha poderia ser de muitas coisas, mas desconfiamos que seria falta de gasolina. Nem queria pensar que me tinham dadio um carro sem gasolina nenhuma. Parece impossível, mas não foi. Nem 5 km consegui andar. Mas lá fomos comprar 5 litros e pouco tempo depois já funcionava outra vez. Fiquei feliz pela minha intuição, por ter conseguido uma bateria de 6 volts às 18.30 e pela minha sorte. Poderia ter dado para o torto e estragado a festa de aniversário. Mais tarde, depois do jantar, tivemos uma pequena festa de aniversário, para o Gonçalo, embora as visitas à garagem tenham sido o tópico mais memorável da noite, para ver o novo habitante. Ainda bem que tenho lugar para quatro carros! Agora a minha garagem parece quase uma oficina de Volvos clássicos. Ainda bem que não há espaço livre, senão quem sabe!
|
Home
(c) 1999/2006 João Emílio Almeida